quarta-feira, 16 de maio de 2012

Amar?

Quanta confusão e desordem. O sol basta aparecer para o caos se estabelecer, transformando todos em seres que não param de andar para lá e para cá.
Fugindo dos sons que me atormentam, conheço um campo, no qual vejo humanos se abraçando, se olhando e falando bem baixinho ao ouvido de seu parceiro.
Estas pessoas parecem flutuar, desapegadas da terra que pisam. A única coisa que importa é a presença de seu amado, nada mais.
Podem cair cometas ou asteróides, a terra pode ser devastada e isso pouco importará para eles, que vivem em prol de seu longo e verdadeiro amor.
Sentimento este que nós anjos repudiamos. Há histórias em que seres angelicais caíram, abdicaram de sua vida eterna apenas para viver segundos ao lado de seu amado e sentir, por definitivo, toda a essência desse nobre sentimento, o qual se aproxima do poder dos deuses universais.
Analiso e fico pensando como deve ser tal sentimento, será que realmente vale perder a eternidade para senti-lo?
Nesse mesmo momento levanto meus olhos e no topo de uma colina um ser humano parece me observar, como se pudesse me ver claramente. A noite caindo marca sua silueta no horizonte e eu sinto, bem dentro do peito algo forte bater... em seguida todo o meu corpo formigar.
Percebo que minha invisibilidade começa a perder força em face deste ser.
Sem pensar duas vezes olho para cima e saio voando em direção a lua. Em sua extasiante e cinzenta calma penso no ocorrido. Parece que ele continua me vendo, sinto certa vontade de voltar para a frente dele e mostrar quem realmente sou.
Por ora prefiro continuar voando entre os planetas e, quem sabe um dia, eu crie coragem suficiente para avistá-lo, encara-lo ou mesmo amá-lo.
Certa vez passei naquele planeta, visitei aquele campo e lá estava ele, sentado, ouvindo música, com sua blusa azul, olhando o horizonte, como se esperasse por algo...
Só sei que seus olhos me dão muito medo!